quinta-feira, 6 de junho de 2013

São João de Caruaru


A cidade de Caruaru, conhecida como a Princesa do Agreste e a Capital do Forró, está situada a 135 km do Recife e oferece aos seus visitantes uma grande variedade de atrações folclóricas e turísticas, características da cultura popular do Nordeste brasileiro.

Desde o final do século XIX, as festas juninas de Caruaru já atraíam pessoas das vizinhanças e até do Recife. Eram festejos organizados em propriedades rurais particulares, com fogueiras, balões, fogos de artifício, quadrilhas juninas, muita canjica, pamonha, milho e alegria.

Em Caruaru, na década de 1950, uma feira de fogos, dos mais variados tipos, característicos do Nordeste – buscapés, rojões, bombas, vulcões, pistolões, foguetes, traques de massa, estrelinhas, girândolas – fazia a alegria de crianças e adultos. Os fogos de artifício chegaram ao Brasil através dos portugueses e espanhóis que, por sua vez, os receberam dos chineses e dos árabes.

Nessa época, segundo o escritor caruaruense Nelson Barbalho, era assim o São João da cidade:

[...] Em todos os lares se iniciavam os preparativos para a noite: lenha na porta de casa para as tradicionais fogueiras, mesas postas com toalhas e utensílios novos em comemoração à data e “porque vinha gente de fora”, últimos retoques em vestidos. [...] Afinal escurecia. Pontos vermelhos surgiam de casa em casa – eram as fogueiras que se acendiam. Todas as janelas se abriam e ostentavam balõesinhos multicores acesos por dentro com tocos de vela. Jantava-se apressadamente – cangica, pamonha, bolo, café e milho cozido à vontade. A criançada corria para as calçadas – os pequenininhos queimando estrelinhas, soltando rodinhas presas em varas de madeira mole; os maiorzinhos soltando diabinhos, caraduras, traques; garotos taludos divertindo-se a jogar mosquitos nos pés dos transeuntes ou a sustentar pistolões de repetição, cujas bolas de fogo se projetavam à grande distância. Muito marmanjo aproveitava-se e caía no frevo também, jogando bombas gigantes, arremessando longe fogosos quebracanelas. Era o reinado da pólvora, o que contagiava qualquer pessoa. [...]
[...] Havia centenas de danças, de folguedos espalhados pela cidade inteira. [...] uma turma de moças e rapazes adquiriam um carro-de-boi, enfeitavam-no de modo típico e transformavam-no em carro nupcial. Sim, em carro nupcial, que eles organizavam um casamento matuto ironicamente engraçado e o carro-de-boi não poderia faltar.
[...] a gente passeava de mãos dadas à namorada, em redor da enorme fogueira, ouvindo-lhe o crepitar dos galhos de madeira e esquentando-se dento da esfera formada pelo seu calor acariciante. Escutava os milhos assados virando pipocas, os ruídos dos fogos diversos, as palmas das moças a cada novo balão soltado na imensidão do céu.
[...] E no meio de tudo, os bailes, os sambas, os cocos dançados em chão batido durante toda a noite, gostosos como os pés-de-moleque existentes em qualquer casa.
Atualmente, a cidade realiza, durante todo o mês de junho, uma festa de São João que é considerada uma das mais importantes do ciclo junino nordestino, destacando-se pelo resgate à tradição e à originalidade. É o evento mais tradicional do calendário turístico da cidade, atraindo milhares de turistas de todo o Brasil e do exterior.

Com anos de tradição em festas juninas, o São João de Caruaru acontece, desde 1994, no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, um complexo com 41.500 metros quadrados, que abriga a Fundação de Cultura de Caruaru, os Museus do Barro e do Forró, um pavilhão para exposições, a Secretaria Municipal de Turismo, um palco para shows.

Durante os festejos, que se destacam pela animação e grandiosidade, chegando a atrair mais de um milhão e meio de turistas, o visitante pode assistir apresentações de bacamarteiros e bandas de pífano, shows de artistas consagrados e de diversos forrozeiros do país, saborear a culinária regional e dançar o autêntico forró pé-de-serra nordestino.

As comidas e bebidas gigantes também se constituem em grandes atrações da festa, sendo servidas em dias previamente marcados: o maior chocolate quente, o maior quentão, a maior pipoca do forró, a maior pamonha, o maior cuscuz, o bolo de milho gigante, o maior pé-de-moleque, o maior arroz doce, a canjica gigante, o maior bolo de macaxeira, o maior xerém (tipo de angu) e o tradicional cozido gigante.

Há ainda a maior fogueira de São João, feita com madeira ecológica, e colocada na frente da Igreja do Convento, onde é acesa no dia 28 de junho.

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